domingo, 25 de setembro de 2016

ARCADISMO

Arcadismo é o período que vem depois do Barroco, podendo ser chamado também de "Setecentismo", já que ele ocorreu nos anos 1700 (século XVIII). 





Entenda o contexto

Era a época do Iluminismo na Europa, da Revolução Francesa, da Independência das Treze Colônias na América do Norte e essas ideias de "liberdade", "igualdade" e "fraternidade" que nasceram na Filosofia Francesa chegaram ao Brasil, inspirando a Inconfidência Mineira. O Brasil era colônia de Portugal e o desejo de liberdade e de independência ficava cada vez mais intenso por aqui. Porém, escrever sobre isso era perigoso e, por conta disso, os escritores do período costumavam usar pseudônimos. 

É importante observar que o Arcadismo brasileiro passa a ter características mais próprias, diferenciando-se da Literatura europeia. Sendo assim, a Literatura Brasileira passa a ter mais identidade, passa a "andar mais com as próprias pernas", a ter mais autonomia. 



Características que você precisa saber:

Crítica da vida nas cidades ("fugere urbem" ou "fuga da cidade"), valorização da vida no campo (vida bucólica), vida mais simples e natural, uso de apelidos, linguagem mais simples, valorização do momento presente sem culpa (Carpe Diem) pastoralismo (vida pastoril no campo), sentimentos mais espontâneos, pureza dos nativos (mito do "bom selvagem", de Rousseau). 

  • bucolismo (valorização da vida simples, do campo,  pastoril);
  • exaltação da natureza (é o lugar do refúgio poético em oposição à vida urbana);
  • pacificidade amorosa (há relacionamentos tranquilos);
  • a mitologia pagã; (Mitologia Grega, sobretudo)
  • clareza  e simplicidade na escrita; (não há uma preocupação formal, apesar do uso de sonetos, em muitos casos)
  • fingimento poético (a escrita é feita sob pseudônimo, por tratarem sobre temas que não correspondem com a realidade do período histórico)


Autores do período no Brasil:


CLÁUDIO MANUEL DA COSTA (APELIDO: GLAUCESTE SATÚRNIO)

Poesia Lírica: 
“Obras Poéticas”, a obra que marcou o início do Arcadismo no Brasil. O autor se declara para sua musa (Nise), mas vive se lamentando por não ser correspondido por ela. Nise é uma figura distante, não se manifesta e nem é descrita com detalhes. A lírica se limita a lamentação do autor em não ser correspondido. Possui traços do barroco (como inversões) apesar de ser árcade e tem afinidade com a tradição clássica (à lírica de Camões).

Poesia Épica: “Vila Rica”. Diz a respeito a descoberta das minas, fundação de Vila Rica, entradas e bandeiras, revoltas locais, etc. Destaca-se a descrição da paisagem local. Tem afinidade às tradições clássicas.


TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA (APELIDO: DIRCEU)

Poesia Lírica: “Marília de Dirceu”. Poesia de transição entre o Arcadismo e o Romantismo. A mulher (Marília) é descrita de uma forma mais emotiva, espontânea, humana e real, comparando com Nise, de Cláudio Manuel. O tema do distanciamento da mulher amada e do sofrimento em virtude disso é encarado de uma forma mais real.

Poesia Satírica: “Cartas Chilenas”. Foi um meio que Gonzaga usou para criticar o governador da capitania de Minas Gerais (Luís da Cunha Meneses) e seus assessores. Essas cartas circulavam pela cidade e não se sabia a autoria, pois essas cartas eram escritas baseadas em pseudônimos (Luís da Cunha Meneses X Fanfarrão Minésio, mineiras X chilenas, Vila Rica X Santiago, Doroteu – destinatário – e Critilo – quem assinava).


BASÍLIO DA GAMA (APELIDO: TERMINDO SIPÍLIO)

Poesia Épica: Uraguai
Estrutura: não copia o modelo clássico de Camões (sem estrofação, versos brancos, início do poema com a ação em pleno desenvolvimento). A história trata da guerra entre jesuítas e índios contra os portugueses e espanhóis com a aprovação do Tratado de Madri, que trocava a posse da Colônia do Sacramento pelos Sete Povos das Missões.

Características temáticas: O índio é visto como um herói moral, pois ele é manipulado pelo jesuíta (anti-jesuitismo). Crítica à guerra (a necessidade da guerra é questionada). A história não é mudada (os portugueses e os espanhóis vencem). A descrição é fiel à paisagem (natureza bruta, figura do índio – nativismo).


FREI JOSÉ DE SANTA RITA DURÃO

Poesia Épica: Caramuru
Estrutura: copia o modelo clássico camoniano
História: narra a história de um náufrago português, Diogo, que vai acabar parando numa tribo indígena.

Características temáticas: vai escrever o poema épico baseado no que ele ouviu ou leu. Ele teve pouca vivência no Brasil, por isso é inferior ao Uraguai, que traz uma maior riqueza da descrição brasileira. 


QUESTÕES ENEM:

QUESTÃO 110 ENEM 2015
Casa dos Contos


& em cada conto te cont
o & em cada enquanto me enca
nto & em cada arco te a
barco & em cada porta m
e perco & em cada lanço t
e alcanço & em cada escad
a me escapo & em cada pe
dra te prendo & em cada g
rade me escravo & em ca
da sótão te sonho & em cada
esconso me affonso & em
cada claúdio te canto & e
m cada fosso me enforco &
(ÁVILA, A. Discurso da difamação do poeta. São Paulo: Summus, 1978.)

O contexto histórico e literário do período barroco- árcade fundamenta o poema Casa dos Contos, de 1975. A restauração de elementos daquele contexto por uma poética contemporânea revela que
A) a disposição visual do poema reflete sua dimensão plástica, que prevalece sobre a observação da realidade social.
B) a reflexão do eu lírico privilegia a memória e resgata, em fragmentos, fatos e personalidades da Inconfidência Mineira.
C) a palavra “esconso” (escondido) demonstra o desencanto do poeta com a utopia e sua opção por uma linguagem erudita.
D) o eu lírico pretende revitalizar os contrastes barrocos, gerando uma continuidade de procedimentos estéticos e literários.
E) o eu lírico recria, em seu momento histórico, numa linguagem de ruptura, o ambiente de opressão vivido pelos inconfidentes.

RESPOSTA: LETRA E

(Enem 2008)  Texto para as questões 01 e 02
1Torno a ver-vos, ó montes: o destino
Aqui me torna a pôr nestes outeiros,
Onde um tempo os gabões deixei grosseiros
4 Pelo traje da Corte, rico e fino.
Aqui estou entre Almendro, entre Corino,
Os meus fiéis, meus doces companheiros,
7 Vendo correr os míseros vaqueiros
Atrás de seu cansado desatino.
Se o bem desta choupana pode tanto,
10 Que chega a ter mais preço, e mais valia
Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto.
Aqui descanso a louca fantasia,
13 E o que até agora se tornava em pranto
Se converta em afetos de alegria.
Cláudio Manoel da Costa. In: Domício Proença Filho. A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002, p. 78/9.

01. Considerando o soneto de Cláudio Manoel da Costa e os elementos constitutivos do Arcadismo brasileiro, assinale a opção correta acerca da relação entre o poema e o momento histórico de sua produção. 

A) Os “montes” e “outeiros”, mencionados na primeira estrofe, são imagens relacionadas à Metrópole, ou seja, ao lugar onde o poeta se vestiu com traje “rico e fino”. 
B) A oposição entre a Colônia e a Metrópole, como núcleo do poema, revela uma contradição vivenciada pelo poeta, dividido entre a civilidade do mundo urbano da Metrópole e a rusticidade da terra da Colônia. 
C) O bucolismo presente nas imagens do poema é elemento estético do Arcadismo que evidencia a preocupação do poeta árcade em realizar uma representação literária realista da vida nacional. 
D) A relação de vantagem da “choupana” sobre a “Cidade”, na terceira estrofe, é formulação literária que reproduz a condição histórica paradoxalmente vantajosa da Colônia sobre a Metrópole. 
E) A realidade de atraso social, político e econômico do Brasil Colônia está representada esteticamente no poema pela referência, na última estrofe, à transformação do pranto em alegria.

02. Assinale a opção que apresenta um verso do soneto de Cláudio Manoel da Costa em que o poeta se dirige ao seu interlocutor. 
A) “Torno a ver-vos, ó montes: o destino” (v. 1)
B) “Aqui estou entre Almendro, entre Corino,” (v. 5)
C) “Os meus fiéis, meus doces companheiros,” (v. 6)
D) “Vendo correr os míseros vaqueiros” (v. 7)
E) “Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto.” (v. 11)


Resolução:
01) O poeta Cláudio Manoel da Costa encontra-se dividido entre a cidade (corte)  e o campo que, simbolicamente, representa o mesmo antagonismo entre metrópole e colônia. Ele viveu um tempo em Lisboa, onde conheceu a vida na metrópole; ao retornar à terra natal (Minas), confrontou-se com a aspereza dos “montes” e outeiros”.
Resp.: B
02) Em “torno a ver-vos, ó montes: o destino” o termo “ó montes” é um vocativo dirigido ao intercolutor imaginário (como se o autor estivesse falando com os montes).
Resp.: A

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quarta-feira, 21 de setembro de 2016

BARROCO

Foi o período da Literatura Brasileira que se iniciou nos anos 1600, vindo depois do Quinhentismo (por isso pode ser chamado também de Seiscentismo). O estilo barroco nasceu em decorrência da crise do Renascimento, ocasionada, principalmente, pelas fortes divergências religiosas e imposições do catolicismo e pelas dificuldades econômicas decorrentes do declínio do comércio com o Oriente.
Todo o rebuscamento presente na arte e literatura barroca é reflexo dos conflitos dualistas entre o terreno e o celestial, o homem (antropocentrismo) e Deus (teocentrismo), o pecado e o perdão, a religiosidade medieval e o paganismo presente no período renascentista.

   
  



Dualidades e Antíteses
Conflito entre o corpo e a alma, a vida terrena e a vida eterna, a vida virtuosa e a vida do pecado, a vida e a morte, a razão e a fé. É o conflito entre os princípios cristãos da Igreja Católica e os princípios do Renascimento e do Classicismo (paganismo, racionalismo, antropocentrismo). O Barroco é uma época de conflitos de princípios opostos, é a época das antíteses, é a época em que se tenta conciliar o inconciliável. A Igreja Católica reage à Reforma Protestante com a Contrarreforma e com a Inquisição, procurando reprimir as manifestações culturais que vão contra as suas doutrinas. Portanto, esse é um período de contradições e de dualidades, onde o homem se vê perdido entre a doutrina cristã e as ideias do Renascimento (Classicismo).
Cultismo e Conceptismo
O homem barroco valoriza o cultismo, ou seja: a linguagem difícil e rebuscada, cheia de inversões e de jogo de palavras, empregando demais as figuras de linguagem. Veja um exemplo de poesia cultista:
Ao braço do Menino Jesus de Nossa Senhora das Maravilhas, A quem infiéis despedaçaram
O todo sem a parte não é todo;
A parte sem o todo não é parte;
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo o todo. 
(Gregório de Matos)

Já o conceptismo, que ocorre principalmente na prosa, é marcado pelo jogo de ideias, de conceitos, seguindo um raciocínio lógico, nacionalista, que utiliza uma retórica aprimorada. A organização da frase obedece a uma ordem rigorosa, com o intuito de convencer e ensinar. Veja um exemplo de prosa conceptista:
Para um homem se ver a si mesmo são necessárias três coisas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e é cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem espelhos e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta de luz. Logo, há mister¹ luz, há mister espelho e há mister olhos. (Pe. Antônio Vieira)
¹mister: necessidade de, precisão.

O Tempo
O tempo passa rápido, a vida é efêmera (é rápida), o tempo é veloz e destrói tudo. Tudo é instável e passageiro. O homem barroco vive esse conflito de modo angustiado.

Barroco em Portugal: Pe. Antônio Vieira.

No Barroco Português, quem se destaca é o padre Antônio Vieira. Seus sermões estavam a serviço das causas políticas que abraçava e defendia. Defendia os índios contra a escravidão (mas não tinha a mesma postura com a escravização dos negros, limitando a apontar-lhes uma perspectiva de vida após a morte que compensasse os sofrimentos da vida). Seus sermões eram dotados de raciocínios complexos e lógicos, com metáforas, comparações e alegorias (um discurso que faz entender outro; exemplo: "semeadura" ou "semente do trigo" são alegorias que representam uma coisa só: a disseminação da doutrina cristã).

Barroco no Brasil: Gregório de Matos

No Barroco brasileiro, o grande destaque foi Gregório de Matos. Por ser irreverente e satírico ele recebeu o apelido de "Boca do Inferno". Sua poesia pode ser classificada como líricareligiosa, filosófica ou satírica

Poesia Lírica: dualismo amoroso (carne X espírito), que leva a um sentimento de culpa cristão. A mulher é a personificação do pecado e da perdição espiritual (morte). O apelo sensorial do corpo se contrapõe ao ideal religioso. O poeta fica dividido entre o pecado (representado na mulher) e o espírito (cristianismo). 

Poesia Religiosa: obedece aos fundamentos do Barroco europeu. Temas: amor a Deus, culpa, arrependimento, pecado, perdão. Linguagem culta, com inversões e muitas figuras de linguagem. 

Poesia Filosófica: desconcerto do mundo, consciência da transitoriedade da vida e do tempo. 

Poesia Satírica: Criticou todas as classes da sociedade baiana de seu tempo. Linguagem diversificada, com termos indígenas, africanos, palavrões, gírias e expressões locais. 

Figuras de Linguagem no Barroco
 As figuras de estilo mais comuns nos textos barrocos reforçam a tentativa de apreender a realidade por meio dos sentidos. Observe:
Metáfora: é uma comparação implícita. Tem-se como exemplo o trecho a seguir, escrito por Gregório de Matos:
Se és fogo, como passas brandamente?
Se és neve, como queimas com porfia?
Antítese: reflete a contradição do homem barroco, seu dualismo. Revela o contraste que o escritor vê em quase tudo. Observe a seguir o trecho de Manuel Botelho de Oliveira, no qual é descrita uma ilha, salientando-se seus elementos contrastantes:
Vista por fora é pouco apetecida
Porque aos olhos por feia é parecida;
Porém, dentro habitada
É muito bela, muito desejada,
É como a concha tosca e deslustrosa,
Que dentro cria a pérola formosa.
Paradoxo: corresponde à união de duas ideias contrárias num só pensamento. Opõe-se ao racionalismo da arte renascentista. Veja a estrofe a seguir, de Gregório de Matos:
Ardor em firme Coração nascido;
pranto por belos olhos derramado;
incêndio em mares de água disfarçado;
rio de neve em fogo convertido.
Hipérbole: traduz ideia de grandiosidade, pompa. Veja mais um exemplo de Gregório de Matos:
É a vaidade, Fábio, nesta vida, 
Rosa, que da manhã lisonjeada,
Púrpuras mil, com ambição dourada, 
Airosa rompe, arrasta presumida.
Prosopopeia: personificação de seres inanimados para dinamizar a realidade. Observe um trecho escrito pelo Padre Antonio Vieira:
No diamante agradou-me o forte, no cedro o incorruptível, na águia o sublime, no Leão o generoso, no Sol o excesso de Luz.


QUESTÕES ENEM



ENEM 2014 Questão  111

Quando Deus redimiu da tirania
Da mão do Faraó endurecido
O Povo Hebreu amado, e esclarecido,
Páscoa ficou da redenção o dia.
Páscoa de flores, dia de alegria
Àquele povo foi tão afligido
O dia, em que por Deus foi redimido;
Ergo sois vós, Senhor, Deus da Bahia.
Pois mandado pela Alta Majestade
Nos remiu de tão triste cativeiro,
Nos livrou de tão vil calamidade.
Quem pode ser senão um verdadeiro
Deus, que veio estirpar desta cidade
o Faraó do povo brasileiro.
(DAMASCENO,  D. Melhores  poemas: Gregório de  Matos. São Paulo: 2006)
Com uma  elaboração de   linguagem e uma visão  de  mundo  que  apresentam  princípios barrocos, o   soneto de  Gregório de  Matos apresenta  temática expressa  por

A) visão cética  sobre as relações  sociais.
B) preocupação com  a identidade  brasileira.
C) crítica  velada à forma de governo  vigente.
D) reflexão sobre dogmas do  Cristianismo.
E) questionamento das  práticas  pagãs  na Bahia.

ENEM 2012  QUESTÃO 131


BARDI, P. M. Em torno da escultura no Brasil. São Paulo: Banco Sudameris Brasil, 1989. (Foto: Reprodução/Enem)

Com contornos assimétricos, riqueza de detalhes nas vestes e nas feições, a escultura barroca no Brasil tem forte influência do rococó europeu e está representada aqui por um dos profetas do pátio do Santuário do Bom Jesus de Matosinho, em Congonhas (MG), esculpido em pedra-sabão por Aleijadinho. Profundamente religiosa, sua obra revela

A ) liberdade, representando a vida de mineiros à procura da salvação.

B ) credibilidade, atendendo a encomendas dos nobres de Minas Gerais.

C ) simplicidade, demonstrando compromisso com a contemplação do divino.

D ) personalidade, modelando uma imagem sacra com feições populares.

E ) singularidade, esculpindo personalidades do reinado nas obras divinas.





RESPOSTAS QUESTÕES ENEM
ENEM 2014 Questão  111 – Letra C
ENEM 2012  Questão 131 – Letra D          


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QUINHENTISMO


            “... e então, ocorreram as Grandes Navegações e o Brasil foi descoberto em 1500”. Portanto, o estudo da Literatura Brasileira começa com a descoberta do Brasil em 1500 e esse primeiro período de nossa história literária é chamada de Quinhentismo (por causa do "1500").
            Quinhentismo é a denominação genérica de todas as manifestações literárias ocorridas no Brasil durante o século XVI, no momento em que a cultura europeia foi introduzida no país. As manifestações ocorridas se prenderam, basicamente, à descrição da terra e do índio, ou a textos escritos pelos viajantes, jesuítas e missionários que aqui estiveram.


            Portanto, nessa época, tudo o que tínhamos em termos de produção literária se resumia a dois tipos de escrita:
    Literatura de Informação: narram e descrevem as viagens e os primeiros contatos com a terra brasileira. A linguagem era simples e cheia de descrições e de informações a respeito das viagens e das terras descobertas. Grande destaque: A Carta de Caminha, escrita por Pero Vaz de Caminha para o rei de Portugal (D. Manoel), documento considerado o marco inicial da Literatura Brasileira (afinal, foi o primeiro texto escrito sobre o Brasil). 

    Literatura de Catequese: Jesuítas foram enviados para catequizarem os índios no Brasil e o grande destaque desse período foi o padre José de Anchieta. Seus textos eram escritos para serem representados (teatro e encenações) já que o público era muito diversificado (índios, marujos, colonos, comerciantes, soldados...). Porém, seu alvo maior era o índio. Para isso, o padre Anchieta escreveu em mais de uma língua (ele inclusive aprendeu Tupi e escreveu uma gramática sobre a língua dos índios, o tupi-guarani). 



Principais manifestações literárias do Quinhentismo no Brasil: 

A Carta, de Pero Vaz de Caminha;
O Diário de navegação, de Pero Lopes de Souza, datado de 1530;
O Tratado da terra do Brasil e a História da província de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos de Brasil, de Pero de Magalhães Gândavo, datado de 1576.
O Tratado descritivo do Brasil, de autoria de Gabriel Soares de Souza, de 1587;
Os Diálogos das grandezas do Brasil, cuja autoria é de Ambrósio Fernandes Brandão, de 1618;
# As cartas dos missionários jesuítas, escritas nos dois primeiros séculos de catequização;
A História do Brasil, de Frei Vicente do Salvador, de 1627;
As duas viagens ao Brasil, de Hans Staden, em 1557;
A Viagem à terra do Brasil, de Jean de Léry, em 1578.

Questões ENEM:
ENEM 2013  QUESTÃO 114

TEXTO I
Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. E parece-me que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns deles traziam arcos e flechas, que todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam. […] Andavam todos tão bem-dispostos, tão bem feitos e galantes com suas tinturas que muito agradavam.  CASTRO, S. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento).

TEXTO II
PORTINARI, C. O descobrimento do Brasil. 1956. Óleo sobre tela, 199 x 169 cm Disponível em: www.portinari.org.br. Acesso em: 12 jun. 2013. (Foto: Reprodução)


Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero Vaz de Caminha e a obra de Portinari retratam a chegada dos portugueses ao Brasil. Da leitura dos textos, constata-se que

A) a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma das primeiras manifestações artísticas dos portugueses em terras brasileiras e preocupa-se apenas com a estética literária.
B) a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados, cuja grande significação é a afirmação da arte acadêmica brasileira e a contestação de uma linguagem moderna.
C) a carta, como testemunho histórico-político, mostra o olhar do colonizador sobre a gente da terra, e a pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação dos nativos.
D) as duas produções, embora usem linguagens diferentes – verbal e não verbal –, cumprem a mesma função social e artística.
E) a pintura e a carta de Caminha são manifestações de grupos étnicos diferentes, produzidas em um mesmo momentos histórico, retratando a colonização.

ENEM 2009 QUESTÃO 01
(ECKHOUT, A. “Índio Tapuia” (1610-1666))
A feição deles é serem pardos, maneira d’avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos.
Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir, nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto.
(CAMINHA, P. V. A cartawww.dominiopublico.gov.br.)

Ao se estabelecer uma relação entre a obra de Eckhout e o trecho do texto de Caminha, conclui-se que:
a) ambos se identificam pelas características estéticas marcantes, como tristeza e melancolia, do movimento romântico das artes plásticas.  
b) o artista, na pintura, foi fiel ao seu objeto, representando-o de maneira realista, ao passo que o texto é apenas fantasioso.  
c) a pintura e o texto têm uma característica em comum, que é representar o habitante das terras que sofreriam processo colonizador.  
d) o texto e a pintura são baseados no contraste entre a cultura europeia e a cultura indígena.  
e) há forte direcionamento religioso no texto e na pintura, uma vez que o índio representado é objeto da catequização jesuítica.



RESPOSTAS QUESTÕES QUINHENTISMO: 
ENEM 2013  QUESTÃO 114: letra C
ENEM  2009  QUESTÃO  01: letra C

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