O Arcadismo é o
período que vem depois do Barroco, podendo ser chamado também de
"Setecentismo", já que ele ocorreu nos anos 1700 (século
XVIII).
Entenda o contexto
Era a época do Iluminismo na Europa, da
Revolução Francesa, da Independência das Treze Colônias na América do Norte e
essas ideias de "liberdade", "igualdade" e
"fraternidade" que nasceram na Filosofia Francesa chegaram ao Brasil,
inspirando a Inconfidência Mineira. O Brasil era colônia de Portugal e o desejo
de liberdade e de independência ficava cada vez mais intenso por aqui. Porém,
escrever sobre isso era perigoso e, por conta disso, os escritores do período
costumavam usar pseudônimos.
É importante observar que o Arcadismo brasileiro passa a ter características
mais próprias, diferenciando-se da Literatura europeia. Sendo assim, a
Literatura Brasileira passa a ter mais identidade, passa a "andar mais com
as próprias pernas", a ter mais autonomia.
Características que você precisa saber:
Crítica da vida nas cidades ("fugere
urbem" ou "fuga da cidade"), valorização da vida no campo
(vida bucólica), vida mais simples e natural, uso de apelidos, linguagem mais
simples, valorização do momento presente sem culpa (Carpe Diem) pastoralismo (vida pastoril no campo), sentimentos mais
espontâneos, pureza dos nativos (mito do "bom selvagem", de Rousseau).
- bucolismo (valorização da vida simples, do campo, pastoril);
- exaltação da natureza (é o lugar do refúgio poético em oposição à vida urbana);
- pacificidade amorosa (há relacionamentos tranquilos);
- a mitologia pagã; (Mitologia Grega, sobretudo)
- clareza e simplicidade na escrita; (não há uma preocupação formal, apesar do uso de sonetos, em muitos casos)
- fingimento poético (a escrita é feita sob pseudônimo, por tratarem sobre temas que não correspondem com a realidade do período histórico)
Autores do período no Brasil:
CLÁUDIO MANUEL DA COSTA (APELIDO:
GLAUCESTE SATÚRNIO)
Poesia Lírica: “Obras
Poéticas”, a obra que marcou o início do Arcadismo no Brasil. O autor se
declara para sua musa (Nise), mas vive se lamentando por não ser correspondido
por ela. Nise é uma figura distante, não se manifesta e nem é descrita com
detalhes. A lírica se limita a lamentação do autor em não ser correspondido.
Possui traços do barroco (como inversões) apesar de ser árcade e tem afinidade
com a tradição clássica (à lírica de Camões).
Poesia Épica: “Vila Rica”. Diz a respeito a
descoberta das minas, fundação de Vila Rica, entradas e bandeiras, revoltas
locais, etc. Destaca-se a descrição da paisagem local. Tem afinidade às
tradições clássicas.
TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA (APELIDO: DIRCEU)
Poesia Lírica: “Marília de Dirceu”. Poesia de
transição entre o Arcadismo e o Romantismo. A mulher (Marília) é descrita de
uma forma mais emotiva, espontânea, humana e real, comparando com Nise, de
Cláudio Manuel. O tema do distanciamento da mulher amada e do sofrimento em
virtude disso é encarado de uma forma mais real.
Poesia Satírica: “Cartas Chilenas”. Foi um meio que
Gonzaga usou para criticar o governador da capitania de Minas Gerais (Luís da
Cunha Meneses) e seus assessores. Essas cartas circulavam pela cidade e não se
sabia a autoria, pois essas cartas eram escritas baseadas em pseudônimos (Luís
da Cunha Meneses X Fanfarrão Minésio, mineiras X chilenas, Vila Rica X
Santiago, Doroteu – destinatário – e Critilo – quem assinava).
BASÍLIO DA GAMA (APELIDO: TERMINDO
SIPÍLIO)
Poesia Épica: Uraguai
Estrutura: não copia o modelo clássico
de Camões (sem estrofação, versos brancos, início do poema com a ação em pleno
desenvolvimento). A história trata da guerra entre jesuítas e índios
contra os portugueses e espanhóis com a aprovação do Tratado de Madri, que
trocava a posse da Colônia do Sacramento pelos Sete Povos das Missões.
Características temáticas: O índio é visto como um herói moral, pois ele é manipulado
pelo jesuíta (anti-jesuitismo). Crítica à guerra (a necessidade da guerra é
questionada). A história não é mudada (os portugueses e os espanhóis vencem). A
descrição é fiel à paisagem (natureza bruta, figura do índio – nativismo).
FREI JOSÉ DE SANTA RITA DURÃO
Poesia Épica: Caramuru
Estrutura: copia o modelo clássico
camoniano
História: narra a história de um
náufrago português, Diogo, que vai acabar parando numa tribo indígena.
Características temáticas: vai escrever
o poema épico baseado no que ele ouviu ou leu. Ele teve pouca vivência no
Brasil, por isso é inferior ao Uraguai, que traz uma maior riqueza da descrição
brasileira.
QUESTÕES ENEM:
QUESTÃO 110 ENEM 2015
Casa dos Contos
&
em cada conto te cont
o
& em cada enquanto me enca
nto
& em cada arco te a
barco
& em cada porta m
e
perco & em cada lanço t
e
alcanço & em cada escad
a
me escapo & em cada pe
dra
te prendo & em cada g
rade
me escravo & em ca
da
sótão te sonho & em cada
esconso
me affonso & em
cada
claúdio te canto & e
m
cada fosso me enforco &
(ÁVILA,
A. Discurso da difamação do poeta. São Paulo: Summus, 1978.)
O
contexto histórico e literário do período barroco- árcade fundamenta o
poema Casa dos Contos, de 1975. A restauração de elementos daquele
contexto por uma poética contemporânea revela que
A)
a disposição visual do poema reflete sua dimensão plástica, que prevalece
sobre a observação da realidade social.
B)
a reflexão do eu lírico privilegia a memória e resgata, em fragmentos,
fatos e personalidades da Inconfidência Mineira.
C)
a palavra “esconso” (escondido) demonstra o desencanto do poeta com a
utopia e sua opção por uma linguagem erudita.
D)
o eu lírico pretende revitalizar os contrastes barrocos, gerando uma
continuidade de procedimentos estéticos e literários.
E)
o eu lírico recria, em seu momento histórico, numa linguagem de ruptura, o
ambiente de opressão vivido pelos inconfidentes.
RESPOSTA: LETRA E
(Enem 2008) Texto para as questões 01 e 02
1Torno a ver-vos, ó
montes: o destino
Aqui me torna a pôr nestes outeiros,
Onde um tempo os gabões deixei grosseiros
4 Pelo traje da
Corte, rico e fino.
Aqui estou entre Almendro, entre
Corino,
Os meus fiéis, meus doces companheiros,
7 Vendo correr
os míseros vaqueiros
Atrás de seu cansado desatino.
Se o bem desta choupana pode tanto,
10 Que chega a
ter mais preço, e mais valia
Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto.
Aqui descanso a louca fantasia,
13 E o que até
agora se tornava em pranto
Se converta em afetos de alegria.
Cláudio Manoel da Costa. In: Domício
Proença Filho. A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova
Aguilar, 2002, p. 78/9.
01. Considerando o
soneto de Cláudio Manoel da Costa e os elementos constitutivos do Arcadismo brasileiro,
assinale a opção correta acerca da relação entre o poema e o momento histórico
de sua produção.
A) Os “montes” e “outeiros”,
mencionados na primeira estrofe, são imagens relacionadas à Metrópole, ou seja,
ao lugar onde o poeta se vestiu com traje “rico e fino”.
B) A oposição entre a Colônia e a
Metrópole, como núcleo do poema, revela uma contradição vivenciada pelo poeta,
dividido entre a civilidade do mundo urbano da Metrópole e a rusticidade da
terra da Colônia.
C) O bucolismo presente nas imagens
do poema é elemento estético do Arcadismo que evidencia a preocupação do poeta
árcade em realizar uma representação literária realista da vida nacional.
D) A relação de vantagem da
“choupana” sobre a “Cidade”, na terceira estrofe, é formulação literária que
reproduz a condição histórica paradoxalmente vantajosa da Colônia sobre a
Metrópole.
E) A realidade de atraso social,
político e econômico do Brasil Colônia está representada esteticamente no poema
pela referência, na última estrofe, à transformação do pranto em alegria.
02. Assinale a opção que apresenta um
verso do soneto de Cláudio Manoel da Costa em que o poeta se dirige ao seu
interlocutor.
A) “Torno a ver-vos, ó montes: o
destino” (v. 1)
B) “Aqui estou entre Almendro, entre Corino,” (v. 5)
C) “Os meus fiéis, meus doces companheiros,” (v. 6)
D) “Vendo correr os míseros vaqueiros” (v. 7)
E) “Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto.” (v. 11)
Resolução:
01) O poeta Cláudio Manoel da Costa
encontra-se dividido entre a cidade (corte) e o campo que, simbolicamente,
representa o mesmo antagonismo entre metrópole e colônia. Ele viveu um tempo em
Lisboa, onde conheceu a vida na metrópole; ao retornar à terra natal (Minas),
confrontou-se com a aspereza dos “montes” e outeiros”.
Resp.: B
02) Em “torno a ver-vos, ó montes:
o destino” o termo “ó montes” é um vocativo dirigido ao intercolutor
imaginário (como se o autor estivesse falando com os montes).
Resp.: A
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