quinta-feira, 13 de outubro de 2016

ROMANTISMO

ROMANTISMO NO BRASIL 

O movimento romântico cultua o amor com base na irracionalidade, o individualismo e o subjetivismo.
 Primeira geração – Nacionalista ou Indianista -  nesta, o ufanismo, em decorrência da recente independência do país, fez com que prevalecesse um verdadeiro sentimento de nacionalidade, no qual o culto pela cultura primitiva, em especial à figura do índio, teve sua palavra de ordem. A título de representatividade, vejamos alguns fragmentos pertencentes a uma criação de Gonçalves Dias:

Canção do exílio

"Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
[...]
Gonçalves Dias


Principais autores e obras:
José de Alencar - Iracema
Gonçalves Dias – I-Juca Pirama

Segunda geração – Também conhecida como Ultrarromântica, em virtude do exacerbado egocentrismo e da contundente melancolia. Os representantes dessa geração eram extremamente pessimistas, e por levar uma vida desregrada, vivendo em ambientes sombrios e úmidos e fazendo parte da boemia, foram acometidos pelo chamado “Mal do Século”, morrendo precocemente em função de doenças adquiridas pelos maus hábitos.
 Observemos alguns trechos de um de seus representantes:

 Lembranças de Morrer

Quando em meu peito rebentar-se a fibra, 
Que o espírito enlaça à dor vivente, 
Não derramem por mim nem uma lágrima
Em pálpebra demente.

E nem desfolhem na matéria impura 
A flor do vale que adormece ao vento: 
Não quero que uma nota de alegria 
Se cale por meu triste passamento.
Eu deixo a vida como deixa o tédio 
Do deserto, o poento caminheiro 
- Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro;

Como o desterro de minh'alma errante, 
Onde o fogo insensato a consumia: 
Só levo uma saudade - é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia.

Só levo uma saudade - é dessas sombras 
Que eu sentia velar nas noites minhas ... 
De ti, ó minha mãe! pobre coitada 
Que por minha tristeza te definhas! 
[...]
Álvares de Azevedo 


Detectamos um intenso pessimismo proferido pelo autor, no qual a natureza se torna cúmplice do sofrimento vivido por ele, servindo como pano de fundo para o revelar da desesperança em relação à plenitude da vida. 

Terceira geração – Ou Condoreira, voltada para o social, preconiza o ideário de liberdade em relação às mazelas instituídas pela sociedade. Tem como seu principal representante o poeta Castro Alves, mais conhecido como o poeta dos escravos. Analisemos um exemplo: 

Navio Negreiro 

'Stamos em pleno mar. Doudo no espaço 
Brinca o luar - dourada borboleta; 
E as vagas após ele correm... cansam 
Como turba de infantes inquieta. 

'Stamos em pleno mar. Do firmamento 
Os astros saltam como espumas de ouro... 
O mar em troca acende as ardentias, 
- Constelações do líquido tesouro... 

'Stamos em pleno mar. Dois infinitos 
Ali se estreitam num abraço insano, 
Azuis, dourados, plácidos, sublimes... 
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?... 

'Stamos em pleno mar. Abrindo as velas 
Ao quente arfar das virações marinhas, 
Veleiro brigue corre à flor dos mares, 
Como roçam na vaga as andorinhas... 
[...]
Castro Alves 


Constatamos uma verdadeira indignação por parte do autor no que se refere ao tema da escravidão brasileira, que por muito tempo se perpetuou pelas entranhas da sociedade.

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